quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Fôlego

Agora que há em mim um princípio claro de chuva e sorriso, aproveito e trago comigo uma legião de estrelas sonoras que iluminam a face e o princípio lúdico do poema.
Sou mais leve que a metalinguagem desse verso e mais sinuoso que a sinestesia desse sol.
Atravesso o auge de uma canção seca de outono pisando em folhas de claves vivas que ferem o organismo insano da partitura formando no chão uma trilha de sangue e sombra que gira em torno da flor colorindo suas pétalas que cobrem uma estrofe por inteiro.

Há em mim qualquer coisa de sombra ou neve. Há na sombra uma canção do sono que é profunda e leve, alegre e triste. É uma canção amarga e doce. Há no poema o sonho de um soneto diminuto que me faz de minuto a minuto ser mais neve que o nada. Me faz ser penumbra na noite.

Fecho os olhos e respiro fundo. Encho meus pulmões de versos com cheiro de chuva e de terra molhada. Pronuncio pétalas das mais variadas cores e tons e desenho na aquarela da poesia a figura de um perfume verde que molha o pincel dos meus olhos e traça na tela da minha alma uma solitária única palavra: esperança.