Agora que há em mim um princípio
claro de chuva e sorriso, aproveito e trago comigo uma legião de estrelas sonoras
que iluminam a face e o princípio lúdico do poema.
Sou mais leve que a metalinguagem
desse verso e mais sinuoso que a sinestesia desse sol.
Atravesso o auge de uma canção seca
de outono pisando em folhas de claves vivas que ferem o organismo insano da partitura
formando no chão uma trilha de sangue e sombra que gira em torno da flor
colorindo suas pétalas que cobrem uma estrofe por inteiro.
Há em mim qualquer coisa de
sombra ou neve. Há na sombra uma canção do sono que é profunda e leve, alegre e
triste. É uma canção amarga e doce. Há no poema o sonho de um soneto diminuto
que me faz de minuto a minuto ser mais neve que o nada. Me faz ser penumbra na noite.