sábado, 3 de março de 2012

Azul


Fora de mim o azul!
Me deixe chorar no cinza!

Nas páginas desse livro tem um fogo azul com chamas de existir que penetra e se incorpora no antigamente com versos sem nome de outrora.
Curioso o azul. Ele me encanta com a beleza úmida e pueril de seu som.
Faz música de céu nos olhos da menina e oceano de borboleta nos amores do rapaz.

Azul é cor de sujeito que pisca os olhos pra noite e cochicha estátuas nos ouvidos do vento.
É cor de quem tem voz de anil e se usa de ignorâncias pra compreender a língua dos rios.
Meu verso é azul por natureza. É azul de silêncio e vileza.
Fui amaldiçoado pela música dessa cor.
Eu grito, choro, sequestro fontes de outra cor... Mas no fim sou arrebatado por borboletas ridículas de linguagem e profundas de organismo que sem permissão me afogam em águas irresponsáveis de vigor.

Outro dia vi um abandono azul da altura de uma tarde, tal que um pássaro podia pousar pra fazer ninhos nele.
Dei as costas pra visão e percebi que sou mais um sujeito inútil que experimenta as cores pra ensinar sorriso e jardins.
Já bebi demais dessa nascente que me deságua despedida e lábios.
Chega disso.
Eu quero ser caduco de aquarela.

3 comentários:

  1. A vida não pode ser só preto no branco. Ela não pode ser assim tão simples. A minha vida é reflexo das cores que vejo. Uso as matérias que tenho nos momentos que preciso. Sentimentos suaves, pinceis finos, traços delicados. Traços mais brutos, pinceis diferenciados, sentimentos inquietantes. Canetinhas e lápis de cor para momentos de pura descontração. Para horas sérias, caneta nanquim. Momentos inesquecíveis, retro-projetor. Purpurinas são as lágrimas que escorrem pelo meu rosto. Também presenteio com imensos beijos e sorrisos de tinta guache. Quanto ao tom, de manhã bem cedinho, se acordo com preguicinha, um amarelo bem clarinho. E verde clarinho também, cor de alface novinha, quando bate uma fominha. E se a fome aumenta, magenta! Rosa claro, para os momentos de manha, quando me sinto tão delicada. Roxo intenso quando a solidão é imensa. E um lilás quase azul quando me sinto mais calma. Vermelho rubro para os momentos de ira. Quando estou de TPM, me absorvo, furta-cor. E quando estou dançando, todas as cores bordam meu vestido. Vivo de sentimentos e cores singelas, como um jardim de pequenas e variadas flores delicadas.

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    1. Eita ferro! Seu comentário-poema é bem melhor que meu texto! haha!

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    2. Que nada! É um poema meu antigo, o que você escreveu me fez lembrar dele, daí resolvi te colar! ;)

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