segunda-feira, 26 de março de 2012

Rascunho


Faz mais de rio que não vejo o sonho.

Quando eu fazia arte na existência, meu pai castigava infância com vara de marmelo.
Meu pai tinha uma voz de trovão.
Hoje tem doçura de arrebol.
Cheira à terra molhada a nostalgia do meu pai.

O segredo de mim é vário. O do meu pai é noite.

Sou poeta, caso perdido.
Desisti de mim quando borboleta escreveu azul na minha mão.
Fui me sendo menos quando me vi de pé na fila de espera do meu sorriso e quando musa me cantou um desapego fúnebre com paramentos de abismo escolhido de girassóis.
Poesia de ônibus faz mais música que vento em árvore.

Palavras me escravizam de dezembro.

4 comentários:

  1. Ao ler em voz baixa baixa, pensamentos altos, pensamentos seus tornaram-se meus e me conduziram a nostálgicas tardes de chegada, buscando doces escondidos, meu pai, tão distante, de corpo e coração, tão presente se fazia a cada despedida. Lindo este! O mais bonito!

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    1. Haha! Também gosto muito desse! Sou muito agarrado com meu pai! Aí fiz esse lembrando dele quando eu era pequeno! rs

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