segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Ciclo

Meu lema é sombra.
Anseio por um presente vão.
Desejo de um hoje pleno considerando a inexistência do amanhã.
E é nessa angústia e regozijo corpóreo que me celesto e celesto a grandeza de pensar com o corpo.
É no corpo que me transfaço.
É no corpo que transvejo.
Transvejo o mundo percebendo a graça me despir de teorias e conceitos tornando-me um nada inútil e pleno.

Como é bom ser inútil!
Sem pudor, abraço a filosofia do nu e do nada,
Pois assim me refaço em poesia.

Caminhando descalço contemplo minha condição de terra
E transcendo a profundezas cada vez mais altas.
Aquele pedaço de chão esperou anos para ser pisado por mim.
Mesmo o chão contempla sua condição de existir.
Chão que engole nossos mortos,
Mas que nos presenteia com árvores e flores.

É assistindo a iminência da morte que vejo que a vida nunca morre.
Quem morre somos nós, indivíduos.
A vida nem nasce e nem morre.

Ela renasce em nós.

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