terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Desciência


Minha lógica é a de seguir a inconstância,
o improvável.

E minha ciência se confirma no hipotético,
no imagético.

O meu 2 + 2 tem perfume de um 4 azul.
E meu corpo em repouso é inerte de uma existência frasal.

Sou cientista do dessaber, observador do que não existe.
Eu passo horas registrando o que não existe.
Até já fui onde não existe e me perdi na hora de voltar.
Lá onde não existe, sabiá palmeira o canto que sai da terra.

Sou concluído de loucuras, concursado pra insanidade.
Minha razão me desorgulha. Sou letrado em tropeços verbais.
Meu dicionário tem verbetes molhados e meu microscópio serve pra ver despropósitos no meu olho.
Eu faço alquimia nas palavras (eu desvirgino a palavra até ela se orgasmar pra poema).
Estou em estado de fusão poética: minhas palavras se desmancham no papel e inúteis que são, se perdem num poema desimportante.

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