Eu vento palavras num caderno de
mentira que é meu coração em conflito.
Eu conflito verbos de manhã que é
pro mundo girar melhor do lado de fora.
Pra me aquecer de um calor frasal
eu me reverbero de noite trajando versos nus
e me deito de tarde numa imagem rasteira
de céu com cheiro de livro novo.
Moro na Rua Bobagem.
Casa boba sem jardim numa vila amarela
e mariposa.
(Nessa rua tem sempre um
diplomado em razão que instrui pessoas de brinquedo numa praça.
Segundo ele e todo seu prestígio
acadêmico, não existe essa história de ventar palavras e muito menos isso de o
mundo girar melhor do lado de fora.)
Ele me tem como um idiota varrido.
Mas Deus me abençoou varrendo de mim
a razão e me fazendo enxergar que esperança que se molha de azul vira flor,
vira poema.
E essa bênção veio com água,
pomba, língua, fogo e estrofes.
Tem vento demais no azul de Deus.
Tem brisa sagrada e uma bíblia de
rio na estante arborizada e empoeirada da minha existência.
Quando me afasto de mim posso pegar
com as mãos a tarde.
Que Deus tenha misericórdia da
minha inconstância e do meu desvario verbal.
Pois tenho a fraqueza de me
excitar com a fornicação das palavras e o gozo do cruzamento de girassóis com horizontes
e inocências com borboletas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário